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12/12/2007 - O Sindicalismo Equilibrista

A nossa querida colunista Carla Diéguez, do Porto Ciência, mestre em Sociologia pela USP e docente e pesquisadora da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, fez chegar até as minhas mãos uma importante coletânea de textos sobre o movimento sindical brasileiro.

“O Sindicalismo Equilibrista – entre o continuísmo e as novas práticas”, com organização de Silvia Maria de Araújo, Maria Aparecida Bridi e Marcos Ferraz, é um precioso documento que nos faz pensar e pensar onde estamos e para onde podemos estar indo em termos de organização sindical no Brasil. A realidade que vemos nas várias e importantes categorias de trabalhadores é a paralisia geral de ações e movimentos, ou apenas medidas meramente burocráticas de assinar acordos, homologar demissões, ajuizar ações na Justiça. Poucas são as ações realmente politizadas de dentro para fora do chão de fábrica.

Ou seja, da categoria para a sociedade. Culpa dos sindicatos? Culpa dos trabalhadores? Pensar nesses termos é pensar pequeno, ou melhor, é pensar em nada. Melhor é não termos preconceitos nesse debate. Mais certo é analisarmos profundamente o que acontece nesse mundo imenso, que é o do trabalho.

O livro em questão, editado pela Universidade Federal do Paraná, em 2006, traz importantes análises. Transcrevo alguns trechos que podem nos trazer alguma luz sobre tema tão empolgante e apaixonante: “As últimas décadas têm sido desfavoráveis para os trabalhadores brasileiros e, consoante, para o movimento sindical. Observa-se um período de acumulação pautado no trabalho enxuto e flexível, mas também no trabalho precário e desregulamentado, alterando as condições concretas de mobilização dos trabalhadores e seus sindicatos”.

É o que nos apontam Silvia Maria de Araújo, Maria Aparecida Bridi e Marcos Ferraz, no texto “O equilíbrio perdido”. Sobre o sindicalismo a partir das transformações no mundo do trabalho, a professora Ivana Cristina Lima de Almeida, da Faculdade Anchieta de Ensino Superior, nos indica: “O debate sobre o sindicalismo (inter) nacional nas duas últimas décadas do século XX tem no enfraquecimento do poder sindical sua pedra de toque.

Impulsionados pela vertiginosa produção científica voltada para a análise das transformações no “mundo do trabalho”, incontáveis estudos trouxeram à tona o grande esforço da literatura especializada para compreender o novo dinamismo que envolve os sindicatos, recolocando de forma premente a discussão sobre a ampliação e a profundidade de tais mudanças para as organizações sindicais”.

E prossegue: “As discussões sobre a decomposição progressiva das bases sindicais no Brasil, a perda do lugar do sindicalismo no sistema político e a incapacidade de adotar estratégias de confronto passaram a privilegiar, à luz dos acontecimentos e das perspectivas de análise globais, três interpretações: uma que percebeu o recuo político das organizações de trabalhadores decorrente de uma nova investida planetária do capital na produção e na organização do trabalho – através do desemprego e da terceirização – evidenciando a sua dimensão estrutural; outra que viu a transição de um sindicalismo de enfrentamento para um sindicalismo de tipo defensivista como resultado, essencialmente, da nova conjuntura político-ideológica do país, enfatizando a subordinação dos movimentos pela “ideologia neoliberal” predominante; e uma última, que procurou nos encaminhamentos dos dirigentes, a origem do vazio da luta política no centro da ação sindical”.

Em outro artigo da coletânea “O Sindicalismo Equilibrista”, a professora de história Maria Aparecida Bridi diz que as mudanças no mundo do trabalho têm trazido dificuldades para a ação sindical, “entretanto, como afirma (Boaventura Sousa) Santos, “o futuro do sindicalismo é tão incerto, como tudo o resto nas sociedades capitalistas do fim do século.

Nem mais nem menos”. Nesse sentido é preciso tratar as crises de outro modo, pois nada leva a crer que a crise ou as múltiplas crises que o sindicalismo enfrenta, inclusive as manifestações na realidade local, representem o fim da instituição sindicato, pois as forças contrárias continuam a lutar entre si, reagir, criar, reinventar. Historicamente, o “ciclo vital do sindicalismo está muito ligado ao do capitalismo” (Boaventura Sousa Santos) e como analisa (Leôncio) Rodrigues (2002), se o capitalismo pode reestruturar-se, não há porque o sindicalismo não o fazer, também”.

Que assim seja, então. Que venha um novo, vibrante e lutador sindicalismo!

* Rosângela Ribeiro Gil é jornalista formada pela Faculdade de Comunicação da Universidade Católica de Santos (UniSantos). Durante 20 anos trabalhou como assessora de imprensa em vários sindicatos da região (Urbanitários, Estivadores, Petroleiros, Metalúrgicos e Trabalhadores da Construção Civil). É integrante do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), entidade que desenvolve trabalhos em comunicação sindical, social e comunitária, com sede no Rio de Janeiro. Contato: rosangelaribgil@uol.com.br

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