A saúde pública receberá R$ 80 bilhões no próximo ano, somando recursos federais, estaduais e municipais. Será com este dinheiro que 2,2 milhões de partos e 11 milhões de internações serão pagos.
Apesar do montante, esse valor é apenas metade do que a Argentina e o Chile gastam com cada habitante, de acordo com números do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Leitos por habitantes Essa diferença, diz a Organização, pode ser sentida na relação entre o número de leitos hospitalares para cada habitante. Enquanto o Brasil conta com 26 leitos para cada 10 mil pessoas, na Bósnia-Herzegovina esse número sobe para 30, na Argentina para 41 e no Azerbaijão a diferença é ainda maior: 83 leitos para cada 10 mil habitantes.
"Necessitamos de um financiamento que dê melhor qualidade ao sistema", diz o secretário de Atenção Básica do Ministério, José Gomes Temporão.
Aplicação da verba Para Nilson Rosário da Costa, pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), não basta dinheiro, é necessário aplicá-lo melhor. Investir em estratégias de gerenciamento e em controle e auditorias que fiscalizem os gastos poderiam melhorar todo o sistema, acredita ele.
De acordo com o "Anuário de Custos de Planos de Saúde no Brasil", divulgado pela Strategy na última quarta-feira (13), o gasto público brasileiro com saúde representa quase metade do verificado nos países europeus, em relação ao PIB de cada região.
Isso porque, em 2002, o Brasil destinou apenas 3,50% de seu Produto Interno Bruto (PIB) para a saúde pública, ao passo que a Europa reservou 6,56%. Em 2001, os percentuais foram de 3,37% e 6,43%, respectivamente.
Segundo o estudo, o baixo investimento na saúde pública reflete o crescimento na procura por planos de saúde privados. Para se ter uma idéia, o número de beneficiários de planos de assistência média no Brasil passou de 32.570.912 em dezembro de 2000 para 36.202.745 em dezembro de 2005.
No Sudeste, 31,15% da população tem plano de saúde Considerando a distribuição regional dos beneficiários de planos de saúde, observa-se que o Sudeste apresenta o maior percentual, uma vez que 31,15% de seus habitantes possuem assistência médica particular. O índice é bem maior que o do Brasil, de 19,65%.
O Sul ocupa a segunda posição, com 17,25% da população possuindo plano de saúde. Nas demais regiões, os percentuais são de 12,71% (Centro-Oeste), 8,61% (Nordeste) e 7,08% (Norte).
País tem apenas 2,7 leitos para cada mil pessoas Ainda de acordo com o levantamento, o Brasil possui apenas 2,7 leitos hospitalares para cada mil habitantes. A Argentina, por sua vez, tem 4,1, e o Chile, 2,6 leitos a cada mil pessoas. Já o menor índice da América Latina (0,8 leito) é encontrado na Venezuela.
Estabelecendo uma comparação entre os continentes do mundo, notamos que a quantidade de leitos por mil habitantes na Europa (6,7 leitos) é 2,5 vezes maior que a da América (2,6). Na Ásia, a taxa é de 1,7 leito a cada mil pessoas, e na Oceania, de 3,4.
Em relação à quantidade de médicos a cada mil habitantes, tem-se a taxa de 2,06 no Brasil, 3,04 na Argentina, 1,15 no Chile e 2 na Venezuela. Neste quesito, entretanto, os destaques latinos ficam com o Uruguai (3,9) e com o Paraguai (0,56), nas duas extremidades.
Entre os continentes, o destaque fica novamente com a Europa, que possui 3,31 médicos a cada mil habitantes. Na seqüência vem a América, com 2,18; a Oceania, com 1,58; a Ásia, com 0,5; e a África, com apenas 0,18.
Fonte: InfoMoney e Agência Brasil
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